A defasagem na medicação da população foi um temas debatidos por executivos da área farma no evento Outlook Digital 2020, da Close-Up
No Brasil, culturalmente a farmácia é um local para comprar medicamentos. “A cada dez pessoas que entram na farmácia as 10 saem com medicamento e eventualmente um não medicamento. Diferente do que acontece nos Estados Unidos, que as pessoas vão buscar não medicamentos, é algo cultural. Acredito que o valor do dólar não voltará ao preço do início do ano, então as empresas terão que melhorar sua produtividade, para tentar recuperar um pouco da margem que tinha”, destacou Mussolini, ressaltando que agora as indústrias e o varejo terão mais um custo: o da logística reversa que não poderá ser repassado ao consumidor.
“Medicamento é sim essencial. Se o medicamento fica mais caro, de modo geral, aumenta a não adesão e o abandono ao tratamento. A hipertensão ou a diabetes quando não tratada, vira um Acidente Vascular Cerebral (AVC) e todos os agravos custam muito mais caro para a sociedade brasileira. Então não é uma questão de tirar o dinheiro de um lugar e colocar no outro, é questão de que tirar o dinheiro daqui vai causar um prejuízo enorme a longo prazo na sociedade. Nós vemos na farmácia que o paciente chega com uma receita com três produtos, aí ele leva apenas o que tira a dor porque não tem condição de levar os três. Então se você piora o ambiente e aumenta o custo da operação, você terá menos adesão, mais custo para o país, mais pessoas morrendo jovens, mais gente que demorará mais tempo para voltar a trabalhar e mais pessoas com sequela”, pontuou Mena Barreto.
Saúde através da medicação
Mussolini concordou com o presidente da Abrafarma. “Se não fazemos uma assistência farmacêutica eficiente e preventiva, tiramos um contribuinte e ele passa a ser beneficiário da previdência. Ao invés dele estar contribuindo para a riqueza do país, ele passa a ser o beneficiário da riqueza do país. Isso porque você tirou uma pessoa que está pagando imposto, gerando riqueza e o coloca em casa, aposentado por doença, passando a ser beneficiário da riqueza do país. Então enquanto o governo não entender que medicamento não é despesa, mas investimento, essa conta não fechará nunca. O governo vê o medicamento como despesa, mas quanto vamos gastar com isso e quanto vamos salvar se nos ampliarmos o Farmácia Popular? Quantas pessoas vamos deixar de levar para o hospital? Os produtos da Farmácia Popular deviam ser completamente isentos de impostos porque no final do dia o governo está cobrando dele mesmo. Estamos em um país em que não se pensa nos cuidados das pessoas, mas temos que começar a pensar ou teremos um monte de gente nos hospitais e sabemos que o preço médio de uma internação por um dia custa R$ 638,00 no Sistema Único de Saúde (SUS), para um tratamento de baixa complexidade”, destacou Mussolini.
Fonte: Guia da Farmácia