A atuação desse profissional vai muito além da dispensação de medicamentos. Ele faz parte de uma rotina de atenção e assistência cada vez mais importantes para a saúde de todos

Há décadas que o farmacêutico, especialmente aqueles que trabalham em farmácias de bairros, tem proximidade e uma relação de confiança bastante forte com o paciente que, muitas vezes, prefere ir primeiro à farmácia para saber se realmente precisa buscar atendimento médico.

Mas qual é o papel do farmacêutico em uma situação como essa? Em primeiro lugar, é preciso esclarecer que esse profissional pode atuar, inclusive, como prescritor de Medicamentos Isentos de Prescrição (MIPs) quando as manifestações relatadas pelo paciente foram previamente diagnosticadas.

Em 2013, o Conselho Federal de Farmácia (CFF) regulamentou, por meio da Resolução CFF 585/13, as atribuições clínicas do profissional farmacêutico. Suas atividades, como a conciliação medicamentosa, a análise de prescrições, o acompanhamento farmacoterapêutico e as intervenções farmacêuticas, constituem prerrogativa do profissional inscrito junto a um Conselho Regional de Farmácia (CRF) e tem como finalidade a promoção do uso racional de medicamentos e otimização da farmacoterapia¹.

Prescrição farmacêutica
A prescrição farmacêutica é ato pelo qual o profissional da área seleciona e documenta terapias farmacológicas e não farmacológicas e outras intervenções relativas ao cuidado à saúde do paciente, visando à promoção, proteção e recuperação da saúde, além da prevenção de doenças².

Os benefícios da atuação clínica do farmacêutico, em nível individual e coletivo, já foram observados em diversos países, em todos os níveis de atenção à saúde. “Ao reduzir a incidência de problemas relacionados a medicamentos, diminui-se a busca por assistência médica, amortecendo os custos do sistema de saúde e racionalizando a utilização de recursos materiais e humanos”, afirma o presidente do Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo (CRF-SP), Marcos Machado.

Além disso, segundo o especialista, ao conferir ao farmacêutico maior responsabilidade sobre o manejo clínico dos pacientes, com a realização de consultas e a própria prescrição farmacêutica, permite-se ampliar o acesso da população à assistência à saúde e aumentar a capacidade de resolução dos estabelecimentos de saúde sob responsabilidade de farmacêuticos.

“O CFF, ao regular a prescrição farmacêutica, o faz em consonância com as tendências de maior integração da profissão farmacêutica com as demais profissões da área da saúde, reforça a sua missão de zelar pelo bem-estar da população e de propiciar a valorização técnico-científica e ética do farmacêutico”, comenta a farmacêutica responsável pela Farmácia Universitária da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (USP), Maria Aparecida Nicoletti.

Importância da capacitação
Entre os benefícios que a prescrição farmacêutica traz tanto para o profissional quanto para o cliente da loja estão, segundo a farmacêutica da Farmarcas, Nathalia Santiago, o vínculo de confiança entre farmacêutico e paciente e a fidelização do mesmo, além da possibilidade de um atendimento rápido.

“Com o sistema público de saúde sobrecarregado, o farmacêutico pode ajudar o paciente a entender a melhor maneira de seguir o tratamento prescrito pelo médico e evitar retorno ou recaídas. Além disso, pode evitar o uso irracional de medicamentos e melhorar a adesão ao tratamento”, acrescenta.

Por isso, para Nathalia, é fundamental que o colaborador da farmácia tenha conhecimento na área e formação clínica adequada, se atentando, assim, aos requisitos, e prescrevendo algo que irá contribuir na recuperação, sem causar riscos à saúde do paciente.

Antes da prescrição de um MIP, o farmacêutico deve fazer uma consulta com o paciente para levantamento de todos os sintomas e do histórico farmacológico e pode analisar os dados de exames clínicos, laboratoriais e prescrições médicas, com o intuito de realizar uma avaliação farmacoterapêutica.

“O farmacêutico deve orientar o paciente sempre de maneira clara, objetiva, acolhedora e com uma linguagem sem muitos termos técnicos para fácil compreensão”, ensina a especialista da Farmarcas.

Ampliação de serviços
A Resolução de Diretoria Colegiada (RDC) 44 de 20093 veio para a ampliar e regularizar os serviços farmacêuticos, contribuindo para uma maior cobertura de cuidados em saúde que o profissional poderá disponibilizar à comunidade.

“Diante da situação mundial de pandemia pela Covid-19, a atuação do farmacêutico é essencial para o esclarecimento de dúvidas, além de alertar sobre os problemas envolvidos e a necessidade da busca por assistência médica”, comenta a farmacêutica da USP.

Ela destaca que a orientação a pacientes com comorbidades, como hipertensão e diabetes, é mandatória, considerando que o foco de atendimento das unidades de saúde é para paciente com Covid-19 e essas enfermidades não poderão ser negligenciadas. “O farmacêutico poderá fazer um acompanhamento farmacoterapêutico dos indivíduos para garantir a adesão ao tratamento já estabelecido para essas doenças”, avalia.

Análise fundamental
A análise do farmacêutico indicará se é necessário encaminhar o paciente a um atendimento médico (caso a dor de cabeça tenha origem numa crise hipertensiva, por exemplo) ou, em casos leves a moderados, se um MIP pode amenizar os sintomas.

É igualmente importante que o farmacêutico identifique quais medicamentos aquele usuário normalmente utiliza para evitar possíveis interações medicamentosas.

“O MIP não é isento de reações adversas, interações e contraindicações. Portanto, normalmente, eles são prescritos para ‘manejo de problemas de saúde autolimitados’”, lembra Maria Aparecida, reforçando que se o farmacêutico não enquadrar o problema de saúde do paciente como autolimitado, ele deverá orientar o indivíduo para que faça uma consulta médica.

Fonte: Guia da Farmácia

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